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Cientistas descobriram um novo coronavírus em morcegos🦇 na Rússia🇷🇺, o Khosta-2. O vírus tem paralelos com o SARS-CoV-2, e apresenta proteínas que poderiam levar a infecções em humanos, um alerta importante mas que não deve trazer pânico No mini-fio, comento sobre isso 👇🧶

O @Jornal O Globo publicou uma matéria muito esclarecedora, com a participação do querido @Fernando Spilki que comenta a importância de saber dessa possibilidade de infecções em humanos, mas que isso não implica que de fato isso acontecerá oglobo.globo.com/saude/medicina…
Atualmente, temos muitos grupos atentos na vigilância de novos agentes infecciosos de importância para a saúde. A pandemia escancarou essa necessidade, para criarmos melhores estratégias para evitar novos surtos que possam trazer cenários como o que a COVID-19 nos trouxe
A pesquisa sobre o Khosta-2 foi publicada na Plos Pathogens. O vírus foi encontrado em morcegos-ferradura e, apesar de suas diferenças com o SARS-CoV-1 e 2, o Khosta-2 foi capaz de interagir com o receptor ACE2 humano para facilitar sua entrada na célula journals.plos.org/plospathogens/…
Ou seja, de uma forma simplificada, o Khosta-2 pode saber usar uma das mesmas "portas de entrada" que o SARS-CoV-2 usa pra infectar nossas células. Ainda, esse vírus é resistente a anticorpos monoclonais e soro de vacinados contra o SARS-CoV-2. Devo pirar? Ainda não
Primeiro, era algo esperado, dada as diferenças que existem entre o Khosta-2 e o SARS-CoV-2, como mencionado nessa matéria abaixo. Ainda, o estudo realizado para investigar isso tem suas limitações, e a resposta pode ser mais ampla na vida real. euronews.com/next/2022/09/2…
Ainda, um dos autores comenta na reportagem do @Jornal O Globo que "apesar do tom de preocupação, o novo vírus não tem alguns dos genes que se acredita estarem envolvidos na disseminação entre humanos, o que é um bom sinal". oglobo.globo.com/saude/medicina…
PORÉM, ele não pode ser deixado de lado ou não seguir sendo monitorado! Segundo os autores na reportagem do @Jornal O Globo "existem outros riscos caso o patógeno seja deixado de lado, como de ele se recombinar com um segundo vírus, possivelmente o próprio Sars-CoV-2."
Ter esse conhecimento é crítico para desenvolver estratégias. Por exemplo, a pesquisa de vacinas e estratégias mais "universais" contra sarbecovírus (como o SARS-CoV-2 e o Khosta-2, por exemplo) é algo cada vez mais necessário. Existem estudos dessas vacinas atualmente
Dados de recuperados de SARS-CoV-1 vacinados com a vacina da Pfizer contra o SARS-CoV-2 desenvolveram uma resposta diversificada, com anticorpos de amplo espectro, capazes de neutralizar outros coronavírus que têm o potencial de causar infecção humana nejm.org/doi/full/10.10…
Ainda, nesse outro estudo, uma vacina chamada CD40.CoV2 (ainda em fase de estudo) mostrou capacidade de neutralizar variantes de preocupação do SARS-CoV-2, SARS-CoV-1 e, em menor grau, MERS-CoV thelancet.com/journals/ebiom…
Outra vacina em fase de estudo, a CF501/RBD-Fc, também tem potencial para proteção contra "variantes do SARS-CoV-2, incluindo Omicron, e futuros sarbecovírus emergentes", conforme consta na publicação abaixo: nature.com/articles/s4142…
Sarbecovírus tem sido descobertos aos montes nos últimos anos, e tem uma presença importante em morcegos na região da Ásia. Muitos identificados não tem capacidade de infectar células humanas. Khosta-1 e -2 já tinham sido identificados em 2020, p. ex. pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35062318/
Na época, eles não apresentaram um alerta pelas diferenças na região que interage com o ACE2 humano, comparado com SARS-CoV-1 e -2. Mas os autores alertaram que "a capacidade de se ligar ao ACE2 pode surgir de forma natural e independente em diferentes linhagens de sarbecovírus"
Os coronavírus podem acabar se recombinando, "trocando informações genéticas" ao infectar morcegos, que vivem em cavernas e de forma aglomerada, propiciando esse compartilhamento de vírus. A partir disso, novos vírus podem ser gerados a partir dessas recombinações.
Portanto, descobrir novos sarbecovírus capazes de infectar células humanas também é fruto de uma vigilância melhor que estamos fazendo justamente para rastreá-los. É algo que @Fernando Spilki comenta na matéria abaixo. E precisamos melhorar cada vez mais isso: oglobo.globo.com/saude/medicina…
O achado revela: ▫️Que estamos reforçando a vigilância de novos agentes infecciosos. Mais recursos precisam ser colocados nisso para não sermos 'pegos de surpresa' ▫️A necessidade urgente de desenvolver vacinas universais contra Sarbecovírus
Segundo os autores "as descobertas demonstram ainda que os sarbecovírus que circulam na vida selvagem fora da Ásia também representam uma ameaça à saúde global e às campanhas de vacinas em andamento contra o SARS-CoV-2". Investir em ciência, vigilância e novas vacinas É CRÍTICO
Mellanie Fontes-Dutra (Mell) 🌻
Biomédica, Neurocientista (mestra e doutora), Professora @Unisinos e #SciComm em @redeanalise. Ela/Dela | 🇧🇷 | #DefendaoSUS ✉️ mell@schenberg.org.br
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