Thread Reader
Claudio Br

Claudio Br
@oclaudiobr

Mar 18, 2023
9 tweets
Twitter

Hoje é um dia muito importante para mim. Há vinte anos eu deixei meu carro em casa e fui trabalhar de ônibus. Era uma experiência, mas nunca mais voltei a usar um carro no dia a dia. Depois de um tempo vendi. Em São Paulo reencontrei a bicicleta. Em vinte anos envelheci dez.

Nesses vinte anos: - Milhares de m² foram cobertos de asfalto e concreto para carros - O trânsito só piorou - Os carros estão maiores e muito mais caros - Os combustíveis só fizeram subir - Ainda matamos quase um Vietnam por ano nas estradas e ruas Como serão os próximos?
O que era ciclo ativismo virou consciência de classe e de como o carro é um instrumento para manter a classe trabalhadora presa a sonhos vazios, como o Porsche que encontrei parado no trânsito numa segunda pela manhã. Você tem um Porsche e ainda acorda cedo na segunda companheiro
Largar o carro mudou quem eu conheci, como convivi, até mexeu no destino amoroso. Minha mulher me conheceu entrando em um escritório na Paulista carregando uma bicicleta dobrável. Falei para a minha filha que ela só está aqui porque um dia eu resolvi deixar o carro em casa.
Financeiramente eu sempre serei um proletário explorado, mas sou um pouco menos. Eu tinha 25 quando larguei o carro e estava sempre apertado. Depois disso consegui guardar 10, 20, às vezes 50% do que ganhava. Paguei terreno, paguei a casa. Fiz as contas. Foi não ter carro.
Hoje tô comemorando com a minha mulher em um lugar legal. Pegamos um carro de aplicativo, vamos pegar uns quatro hoje. No final não chega perto do custo de uma revisão, sem falar no resto. A gente não paga o carro de aplicativo para andar nele, a gente paga para ele ir embora.
E as experiências? Sabe aquilo que vemos nas propagandas de carros? Então, eu compro só aquilo. Por exemplo: Em 2018 dirigi uma super caminhonete 4x4 pela Patagônia. Isso foi tão gostoso quanto devolver ela no pequeno aeroporto de Balmaceda no fim da viagem.
Na 1° foto veículos disponíveis para aluguel em Puerto Aysén. Na segunda eu reforçando a minha masculinidade ao lado do monstro que... minha mulher pagou 🤣. Saca a paisagem. Me diz se faz sentido manter um troço desses para andar na cidade. Tem que ter autoestima muito baixa.
Carros feitos para estradas difíceis.
Um homem lindo seminu sensualizando ao lado de uma caminhonete 4x4 com um lago e montanhas nevadas ao fundo.
Caminhamos cinco quilômetros. A parte vermelha do caminho é trânsito parado. Bem na parte mais bonita. A paisagem ali? Essa da foto. Batemos papo, vimos o caminho no detalhe, exercitamos os corpos, no fim, a praia como recompensa.
Mapa apresentando o caminho de 5 km da Droga Raia na Lagoa da Conceição até a Joaquina com um risco vermelho sobre o caminho até o final da Avenida das Rendeiras.
Foto da Lagoa da Conceição a partir da Av. Das Rendeiras. Uma grande árvore quase no centro, à direita um barco de pesca, umas pessoas em cadeiras de praias e ao fundo a lagoa e um morro que fica atrás dela.
Praia da Joaquina num lindo dia de sol forrada de guarda-sóis.
Claudio Br

Claudio Br

@oclaudiobr
Vivo uma alucinação individual na qual Florianópolis é tão gostosa e segura para pedalar quanto Amsterdã. Vivo me comportando como se já fosse. Vai q funciona.
Follow on Twitter
Missing some tweets in this thread? Or failed to load images or videos? You can try to .